Colaborações de Amigos

OS AÇORIANOS NO VALE DO RIO TAQUARI


                                

               Distantes 1.600 km de Portugal, as ilhas do arquipélago foram povoadas por portugueses para manter a posse e também por grande número de cristãos novos, judeus e mouros que foram convertidos à força para não serem  banidos de Portugal. Era mais fácil controlar se judeus casassem com outros judeus ou mouros também. Judeus e mouros não tinham sobrenome. Ao serem batizados receberam, em grande número, sobrenomes de árvores – Oliveira, Carvalho, Laranjeira, Pereira, Parreira, Figueira, Pinheiro e outros. Lemos sobre o tema e quando estivemos em uma sinagoga de POA,  o rabino, perguntado, confirmou a nossa informação.  Miscigenaram-se pacificamente, tornando-se todos católicos praticantes.
               Quando Portugal separou-se da Espanha, cerca de 10% da população era de origem judaica ou berbere.
               À convite do Império Brasileiro e com oferta de transporte e terras gratuitas, partiram do arquipélago para desafogar o excesso populacional e para iniciar no RS a produção agrícola em pequenas propriedades.
              Chegados no RS surgiu o problema de fixa-los em pequenas propriedades. Os estancieiros latifundiários do pampa, não os queriam como vizinhos. Esperaram por vários anos em Viamão até que o governo os distribuiu, inicialmente nas piores terras. Mostardas, onde só tinha areia e vento,  Osório  e S. Antônio da Patrulha também Depois Gravataí,  Triunfo, Santo Amaro, Taquari e Rio Pardo, um semi-círculo. Os cinco últimos na beira dos rios.
                Nos legaram sua honestidade,  dedicação ao trabalho, religiosidade, costumes, tradições, estilo arquitetônico, residencial simétrico. Nas igrejas pequenas,  assimetria na fachada,  com apenas uma torre baixa e lateral,  interior barroco português de uma simplicidade encantadora, inconfundíveis no panorama gaúcho.
                De Taquari, os novos proprietários colonizaram ambas as margens do rio, único meio de transporte, mas não ultrapassaram, rio acima, Bom Retiro do Sul, na margem esquerda e Cruzeiro do Sul na margem direita. Limitaram-se em arrotear as suas terras, faze-las produzir e povoar os campos com gado,
                 As terras devolutas ao norte dos assentamentos dos açorianos em ambas as margens do rio Taquari, foram obtidas por descendentes de portugueses, que as lotearam e financiaram aos filhos de imigrantes alemães, a maioria já brasileiros,  que  começavam  a chegar, vindos dos excedentes populacionais do vale do rio Caí, que .  logo  se miscigenaram com os colonos açorianos e misturaram os sobrenomes. Dali para o norte, a colonização alemã estendeu-se em ambas margens do rio até a altura de Roca Sales, nos contrafortes da serra geral.. onde  iniciou-se  a colonização italiana.
                   Em 1861 quando o imigrante August Ferdinand  Schroeder e sua família, originário da cidade de Stettin, Pomerânia – Prússia, à margem direita do rio Oder, hoje Polônia., chegaram ao vale do Taquari, adquiriram terras  no interior dos municípios de Lajeado e Venâncio Aires.
                Um dos filhos,  Carl Robert Schroeder casou com Marcolina da Silva Ramos, moradora em Itaipava (cachoeira) dos Ramos, propriedade rural perpendicular ao rio em sua margem direita. Era uma das filhas de Luiz Antônio Ramos, um dos  primeiros povoadores dos municípios de Lajeado e  Venâncio Ayres e grande proprietário de terras. Parte das terras  da Itaipava e Taquari Mirim (V. Aires) ainda pertencem aos nossos parentes, descendentes dos Schroeder e Ramos.
                 Tiveram quatro filhos, Dois irmãos, Luiz Antônio Ramos Schroeder e Germano Ramos Schroeder, casaram-se com duas irmãs Flora Martins da Silva e Amália Martins da Silva, que chegamos a conhecer e era vizinha do nosso avô.  Estas duas, eram filhas de outro grande proprietário de terras e colonizador da região, Crispiniano Martins da Silva, que deixou seu nome na lagoa Crispim, antigo leito do rio Taquari.  Outro, Gustavo Ramos Schroeder Sobrº casou com Deolinda Manoela Narcizo da Rosa e passou a residir em Taquari-Mirim, Venâncio Aires. Conhecemos a família. A filha mulher, Joaquina Ramos Schroeder casou com nosso avô Leopoldo Lampert. Fixaram-se vizinhos, nas terras dos Ramos. Os Martins da Silva, na geração seguinte, muitos se assinaram somente Martins.
                 Estes Ramos, eram descendentes  de portugueses do extremo norte de Portugal, da cidade milenar de Ponte de  Lima. A ponte de arcos, teria sido construída pelos romanos. Eram alguns raros que não eram  de  origem  açoriana. Temos documentada sua origem, assim como foto da cidade. Cremos que Crispiniano também era português, pois os açorianos não se envolveram em loteamentos.
                                 

                                            

                                    Porto Alegre, novembro de  2009


                                             Leandro Lampert
                                                  Historiador